quinta-feira, junho 24, 2010

Sonolência.

"Acordei, mas ainda estava de olhos fechados. Te senti levantar da cama de casal, que era coberta do seu cheiro. Levantou suave. Foi ao banheiro, logo em frente, e deixou a porta entreaberta. Eu, de bruços, me virei para te observar melhor. Lavou o rosto, se olhou no espelho, pegou uma toalha e me flagrou te olhar. Pelo espelho, me chamou para tomar banho. Sem dizer uma palavra. Forma secreta de me acender que você criou. Água fria que dançava em você e que, ainda que somente água, se aproveitava do teu corpo. E você me ignorava, como se eu não estivesse ali, tomando seu banho provocante. Eu, boba com a água que estava muito fria pela manhã, mas que não conseguia me manter muito afastada. Minha boca queria o desenho do seu corpo. E deixei-a explorar cada linha, cada traço.
Sexo? Era só isso? Tudo aquilo tinha outro nome e não ouso arriscar alguma palavra a altura. Ainda estava escuro e a luz apagada deixava permanecer o breu. Os olhos de nada serviam. Era apenas tato. Paladar. Senti meu corpo ser transportado para outro sistema, que me deixou em alfa. E não havia nada de muito especial, era somente o fato de ser você. Amor, excitação, tudo era uma coisa só. Mas algo bruscamente deixou minha visão turva, e mais turva... Abro meus olhos e sinto raiva. Choro. Choro por não ter uma cama de casal nem mesmo um banheiro logo em frente."


Antigo. Adaptado.

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