"Acordei, mas ainda estava de olhos fechados. Te senti levantar da cama de casal, que era coberta do seu cheiro. Levantou suave. Foi ao banheiro, logo em frente, e deixou a porta entreaberta. Eu, de bruços, me virei para te observar melhor. Lavou o rosto, se olhou no espelho, pegou uma toalha e me flagrou te olhar. Pelo espelho, me chamou para tomar banho. Sem dizer uma palavra. Forma secreta de me acender que você criou. Água fria que dançava em você e que, ainda que somente água, se aproveitava do teu corpo. E você me ignorava, como se eu não estivesse ali, tomando seu banho provocante. Eu, boba com a água que estava muito fria pela manhã, mas que não conseguia me manter muito afastada. Minha boca queria o desenho do seu corpo. E deixei-a explorar cada linha, cada traço.
Sexo? Era só isso? Tudo aquilo tinha outro nome e não ouso arriscar alguma palavra a altura. Ainda estava escuro e a luz apagada deixava permanecer o breu. Os olhos de nada serviam. Era apenas tato. Paladar. Senti meu corpo ser transportado para outro sistema, que me deixou em alfa. E não havia nada de muito especial, era somente o fato de ser você. Amor, excitação, tudo era uma coisa só. Mas algo bruscamente deixou minha visão turva, e mais turva... Abro meus olhos e sinto raiva. Choro. Choro por não ter uma cama de casal nem mesmo um banheiro logo em frente."
Antigo. Adaptado.
Minha volupia, me impede de fazer o meu sincero comentário.
ResponderExcluirADOREI