sábado, junho 23, 2012

f- al.tad.efo.c.o

Já faltava bem pouquinho pra gente dormir. Bem quando os olhos procuram a coberta e também se certificam do horário marcado no despertador. Eu já nem pensava em mais nada até que, só por olhar, passei minha vista por ela... E lá estava, sorrindo pra ninguém ver, de canto de boca, pensando em alguma coisa que, quisera eu saber o nome. Parecia que naquele momento ela não estava ali, com um misto de sentimentos que, por hora, doía imaginar, mas que quando ela reagia de alguma forma pra essa coisa que tanto brilhava em seus olhos, tantas idas e voltas e trocas, acertos e consertos e olhares sem foco algum, parecia que naquele momento ela conseguia juntar todas as peças aos poucos e sorria... deixava escapar essa espécie de reação por si própria. Era a plateia da sua própria vida. Enxergava a vida toda passando ali, justamente na falta de foco que seu olhar tinha conquistado e eu, que por algum acaso, notei tudo isso. Passaram uns instantes, ela suspirou com os olhos fechados e essa coisa parecia difícil também. Tantas coisas deixadas pra trás e que agora ela percebia ali, na sua falta de foco. Eu até pensei em perguntar se estava tudo bem, mas estava tudo bem. As coisas nem sempre são tão simples e nenhuma resposta poderia ter complexidade o bastante para aquele olhar dela. Eu me virei e não falei nada. Acredito que falar seria invadir demais, levando em consideração que ela tinha  percebido que alguém a observava voar por aí, vulcões à dentro. O colchão, pra você ter ideia, dava pequenas tremidinhas a medida que ela tentava controlar suas lágrimas teimosas. Eu fiquei calada. Quase não respirava. Ela estava ali, bem do meu lado e eu sabia que podia abraçar, mas não era hora. Ela estava num abraço que não era meu, mas que fazia todo sentido.

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