terça-feira, janeiro 24, 2012

... sem mais.

"Se a senhora me visse, cara amiga, no torvelinho das distrações! Meus sentidos estão áridos e secos. Não há um momento em que meu coração sinta alguma plenitude, não há uma única hora feliz. Nada! Nada! É como se estivesse diante de uma caixa de surpresas, com homenzinhos e cavalinhos se movimentando a minha frente, e muitas vezes pergunto a mim mesmo se tudo isso não é ilusão de óptica. Entro no jogo, ou melhor, deixo que me manipulem como uma marionete, as vezes toco na mão de madeira do meu vizinho, e recuo assustado. À noite tomo a decisão de assistir ao nascer do sol, mas não consigo deixar o leito a tempo; durante o dia, proponho-me a sentir a alegria de contemplar o luar, mas afinal, permaneço no meu quarto. Não sei bem por que me levanto de manhã e por que vou deitar à noite. Falta-me o fermento que agitava, movia a minha vida; desapareceu o encantamento que me mantinha desperto a altas horas da noite, que de manhã me despertava o sono."

Trecho do livro do Jovem Werther.

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